ATA DA DÉCIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 11.06.1991.

 


Aos onze dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Sétima Sessão Solene da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Deputado Estadual Sérgio Zambiasi, concedido através do Projeto de Lei do Legislativo nº 74/90 (Processo nº 1241/90), de autoria do Vereador Edi Morelli. Às dezessete horas e trinta minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Senhores Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereadores Antonio Hohlfeldt e Airto Ferronato, respectivamente, Presidente e 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Doutor Olívio Dutra, Prefeito Municipal de Porto Alegre; Deputados Estaduais César Schirmer e Iradir Pietroski, respectivamente, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado e Líder da Bancada do PDT; Deputado Estadual Sérgio Zambiasi, Homenageado; Senhora Maríndia Soares, Esposa do Homenageado; Vereador Edi Morelli, na ocasião, Secretário "ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos a ouvirem a execução do Hino Nacional e registrou as presenças dos Senhores Mário Izaias Pereira da Silva e Cândido Lemos, representando as Câmaras Municipais de Sapucaia do Sul e de Restinga Seca, Aquiles Gomes, representando a Ouvidoria do Estado, Caio Rielo, Sérgio Moraes, Paulo Mincarone, Manoel Maria, Deputados Estaduais, Teresinha Irigaray e Pedro Ruas, ex-Vereadores da Casa, Luiz Fernando e José Costa, da Brigada Militar, Paulo Maciel e Valter Bruque, do Grupo Hospitalar Conceição. Em prosseguimento, o Senhor Presidente pronunciou-se acerca da solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Edi Morelli, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PT, PCB e PL, discorreu sobre a vida do Homenageado, declarando que o Título hoje entregue é o justo reconhecimento de Porto Alegre à contribuição dada pelo Senhor Sérgio Zambiasi ao nosso desenvolvimento. Analisou, em especial, a atuação política de S.Sª e a ideologia hoje seguida por seu Partido, o PTB. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, saudou o novo Cidadão de Porto Alegre, dizendo que este Título significa um aumento de responsabilidades e ressaltando acreditar que Sérgio Zambiasi buscará, cada vez mais, o progresso e o bem-estar da nossa comunidade. O Vereador Clóvis Brum, em nome da Bancada do PDMB, destacou a presença política do Deputado Sérgio Zambiasi dentro da sociedade gaúcha, analisando sua representatividade e sua forte ligação com a parcela mais carente da população. Congratulou-se com o Vereador Edi Morelli pela iniciativa da presente homenagem. O Vereador Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, discorreu sobre a importância do preparo profissional para a realização de um trabalho bom e duradouro junto aos meios de comunicação, atentando para a capacidade comunicativa sempre demonstrada pelo Homenageado. Falou sobre a trajetória política de S.Sª, defendendo sua futura indicação para o Governo Federal. O Vereador Artur Zanella, em nome da Bancada do PFL, destacando que a força de uma cidade é a força de sua população, teceu comentários sobre as razões que levam à concessão do Título de Cidadão de Porto Alegre. Analisou o papel do Senhor Sérgio Zambiasi na solução dos problemas enfrentados por nossa população, em especial, das camadas mais pobres. O Vereador Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, declarando falar não em nome de seu Partido mas em nome pessoal, discorreu sobre a vida de Sérgio Zambiasi, principalmente sobre sua infância no interior da Cidade de Encantado. Atentou para a capacidade de projeção do Homenageado junto à comunidade gaúcha. E o Vereador Nereu D'Ávila, em nome da Bancada do PDT, analisou a importância de Sérgio Zambiasi no quadro político gaúcho atual, ressaltando a simplicidade e o magnetismo por ele sempre apresentado em sua trajetória política e pessoal. A seguir, o Senhor Prefeito Olívio Dutra e a Senhora Maríndia Soares procederam à entrega, respectivamente, do Diploma e da Medalha relativos ao Título de Cidadão de Porto Alegre ao Deputado Estadual Sérgio Zambiasi. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido da Casa. Dando continuidade, o Senhor Presidente pronunciou-se acerca da solenidade, falando de suas origens comuns com o Deputado Estadual hoje homenageado e, ainda, registrou a presença, no Plenário, do Deputado Estadual Edemar Vargas. Às dezenove horas e onze minutos, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos, convocando os

Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Airto Ferronato e secretariados pelo Vereador Edi Morelli, Secretário "ad hoc". Do que eu, Edi Morelli, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão. Inicialmente, convidamos os senhores para ouvirmos o Hino Nacional e, depois, então, prosseguirmos com a cerimônia.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos, com prazer, entre as várias presenças na tarde de hoje, o Sr. Mário Izaias Pereira da Silva, representando a Câmara Municipal de Sapucaia do Sul; o Sr. Aquiles Gomes, representando a Ouvidoria do Estado; o Sr. Ver. Cândido Lemos, representando a Câmara Municipal de Restinga Seca; os Deputados da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Caio Rielo, Sérgio Moraes, Paulo Mincarone e Manoel Maria; os ex-Vereadores Teresinha Irigaray e Pedro Ruas; o Capitão Luiz Fernando e o Major José Costa, da Brigada Militar; integrantes do Grupo Hospitalar Conceição, Diretor-Financeiro, Dr. Paulo Maciel, Coordenador, Sr. Valter Brusque. Pedimos escusas se, e eventualmente, a nossa assessoria não registrou todos os presentes, além, evidentemente, dos Vereadores desta Casa, os que usarão da palavra e aqueles que vêm hoje prestar a sua homenagem, complementar a sua homenagem através da sua presença.

Nós queremos, inicialmente, Deputado, Jornalista Sérgio Zambiasi, dizer da nossa satisfação em recebê-lo nesta Casa, nesta tarde, não apenas como Parlamentar, mas, sobretudo, como homem que, através do seu trabalho profissional na emissora de rádio, soube, sobretudo transferindo, verbalizando e expressando, fazendo um elo, uma ponte de ligação entre os Poderes constituídos em nível federal, em nível estadual, em nível municipal, contribuir um pouco para melhorar a vida dos nossos irmãos. Certamente, Deputado Sergio Zambiasi, é nesse sentido que a Casa e a proposição do Ver. Edi Morelli lhe alcançou e teve, por isto mesmo, a manifestação unânime dos nossos Vereadores. E, hoje, a homenagem se estende com a presença de todos os senhores e de todas as senhoras nesta Sessão.

Nós queremos convidar inicialmente o Ver. Edi Morelli, pedindo escusas desde logo ao Deputado homenageado porque após a palavra do Ver. Edi Morelli, por termos uma representação da Câmara noutro local, deveremos nos ausentar, designando, desde logo, o Ver. Airto Ferronato para conduzir os trabalhos até o final da Sessão.

Com a palavra o Ver. Edi Morelli.

 

O SR. EDI MORELLI: Sinto-me lisonjeado em falar, além de em nome do meu Partido, o PTB, pelas Bancadas do PT, PCB e PL. A Câmara Municipal de Porto Alegre, caixa de ressonância da vida da Cidade, vive hoje um clima especial de alegria e júbilo pela oportunidade de reverenciar um de seus mais expressivos líderes, um homem que teve sua infância no interior, igual a de muitos descendentes da nobre raça italiana.

Filho de família humilde, passou a maior parte de sua meninice de pés descalços, no contato direto com a terra que forja homens de têmpera e garra, lá no interior da simpática Encantado. Humilde, sim, mas se transformando com o carinho de seus pais e no trabalho junto aos seus sete irmãos na dura vida de quem precisa tirar seu sustento da mãe terra, mãe que muitas vezes premia com generosas colheitas, mas que pode trazer outras tantas vezes a tristeza da frustração de safras. E é a este menino que cresceu se fortalecendo no exemplo de seu pai, Fióri Virgilio Zambiasi - homem perseverante e de grande tenacidade que, além de suas lides rurais, era artesão respeitado pela qualidade das rodas para carretas e carroças, além das cangas e cangalhas que produzia para criar seus filhos -, é a Sérgio Pedro Zambiasi, que recebeu de sua mãe, Dona Antônia Pavoni Zambiasi, firme e generosa na administração de seu lar e no carinho com que cercava seus filhos, a orientação de amor aos seus semelhantes, é a ti, prezado amigo, que Porto Alegre, hoje, agradecida, presta esta homenagem de respeito e admiração. É para que fique marcada na história desta Casa, por onde passaram homens ilustres como Alberto Pasqualini, por onde outros tantos com o mesmo brilho e dinamismo viveram momentos como este por contribuir para que Porto Alegre fosse sempre maior e melhor.

É por isso que hoje, em nome de nossa Cidade, te rendemos este preito de gratidão. A capital gaúcha, do pôr-do-sol, de Mário Quintana, sente-se orgulhosa do filho que a adotou como sua. É com certeza uma metrópole mais feliz porque recebeu deste menino nascido a 09 de setembro em Encantado uma contribuição de amor e respeito para com sua gente. Por ter recebido deste menino feito com a argamassa da solidariedade, da justiça e da doação, uma obra que a tornou mais humana e mais justa, Porto Alegre agradece.

Sérgio Zambiasi, o teu legado é sinônimo da mesma sedimentação que forjou o Partido Trabalhista Brasileiro. Tua luta também é feita de democracia, trabalhismo e nacionalismo. Este é o trinômio que resume o PTB de ontem e que, por tuas mãos, é o PTB de hoje. A memória é e será sempre a nossa maior testemunha, será ela também a garantia do nosso principal compromisso assumido por tua liderança inconteste de lutar pelo bem estar e crescimento de nosso povo. Hoje recolhemos junto ao legado dos trabalhistas que criaram o PTB a experiência que somamos ao nosso ideal de crescer. Lembrando sempre a frase histórica de seu idealizador mater, Getúlio Vargas: "Mais cedo ou mais tarde o meu destino estará encerrado, mas o Partido Trabalhista Brasileiro ficará além da minha vida, assegurando a imortalidade dos sentimentos que o criaram e da necessidade nacional que o estruturou. Só o PTB tem condições para manter e prosseguir minha obra pela emancipação nacional e em defesa dos interesses dos trabalhadores".

E neste momento em que, com justiça, Porto Alegre reverencia Sérgio Zambiasi, cabe também lembrar que o trabalhismo nasceu de uma liderança que surgiu com o apoio do povo brasileiro, em maio de 1945. Getúlio Vargas, um reformista, teve sua política fundamentada na massa organizada nos sindicatos e no PTB, um partido de composição operária. Para Vargas, o PTB não era socialista, mas socializante, e devia, como deve ainda hoje, constituir-se numa opção para o trabalhador de nosso País. Pois o PTB idealizado por Getúlio Vargas, construído com base na legislação social, ressurge hoje no Rio Grande do Sul pelas mãos de um homem cuja preocupação com o social ninguém pode negar.

Com Sérgio Zambiasi, o Partido Trabalhista Brasileiro mantém a mesma orientação política de buscar no trabalho e na justa distribuição de direitos e deveres as soluções para um povo oprimido, enclausurado pelas diferenças sociais, violentado pela fome, pela injusta distribuição de renda, pela falta de trabalho e, como conseqüência, sem perspectivas de uma vida digna. É com Zambiasi que surge o caminho da redenção para os milhões de "descamisados" que a cada minuto nascem em nossas favelas com apenas uma certeza: a de ter como escola as ruas da marginalidade. E quando conseguem superar a desnutrição, a miséria, o abandono a que são relegados pela falta de uma política que lhes garanta educação, saúde, saneamento básico e moradia, sobrevivem como párias atrofiados em todas as suas potencialidades, que se desenvolvidas contribuiriam para o desenvolvimento econômico e social de nosso País.

Sérgio Zambiasi, sabemos que uma lição de vida está bem gravada em tua memória, da infância no interior de Encantado aos dias atuais: nada se ganha fácil e o que se conquista pelo trabalho tem um valor inestimável. Para quem, embora trabalhando muito, unido à sua família, nem sempre tinha carne na mesa, para quem só foi calçar um par de sapatos novos, só seus, sem ter que dividir, como sempre fazia com seus sete irmãos, aos doze anos de idade, e que hoje recebe aqui o título maior da Cidade, é mais fácil e mais nobre estender as mãos àqueles que sofrem.

É por tudo isso e por muito mais que sabemos irás realizar pelo teu povo que Porto Alegre te agradece. A Cidade sabe que o teu PTB e o nosso PTB é feito com base nos mesmos ideais do PTB de Alberto Pasqualini. Vereador desta Casa entre 1935 e 1937, quando os Legislativos foram dissolvidos com a implantação do Estado Novo, Alberto Pasqualini participou ativamente da elaboração do programa petebista ao ingressar no Partido em 1946. Com justiça, é reconhecido até hoje como o mais importante teórico do trabalhismo brasileiro. Destaco, ainda, nesta homenagem, com toda a emoção de que se reveste, a importância do PTB ter na sua linha de frente a liderança de Sérgio Pedro Zambiasi.

Quem vem de berço humilde conhece muito bem o sacrifício dos que nascem sem o privilégio das grandes fortunas. Caro amigo Sérgio, é grandioso o teu trajeto de vida e meritório o teu trabalho permanente em benefício de nossa gente de Porto Alegre e de outros recantos de nosso Estado. Lembro aqui a frase de um amigo, após ter entrado no estúdio da rádio Farroupilha durante o programa "Comando Maior": “Meu Deus, como é que o Zambiasi consegue se mexer dentro daquela sala repleta de gente por todos os lados”. É espantosa a sua capacidade de comunicação, conseguindo atender a todos, e olha que não é fácil ver e conviver com tanta gente sofrida, atendendo sempre a todos com um sorriso, uma frase de estímulo, e ainda buscar a solução adequada para cada caso.

Pois deixo aqui desta tribuna o testemunho de quem convive todos os dias com Sérgio Zambiasi. Não é só no espaço limitado das quatro paredes do estúdio da Farroupilha que Zambiasi estende seu carinho e suas mãos a quem precisa, seu trabalho na Assembléia Legislativa, para onde foi levado pelo voto reconhecido de seu povo, na primeira eleição com trezentos e sessenta e cinco mil e oitenta e um votos, em 1986, a maior votação da história do Parlamento gaúcho, e, no dia três de outubro do ano passado, novamente com mais de trezentos mil votos, é essencialmente social.

Pois aqui estamos, gaúcho de Encantado e de Porto Alegre, te rendendo a homenagem que fizestes por merecer. Muito obrigado pelo teu carinho ao povo de nossa Cidade e de nosso Estado. Tua trajetória no veículo que tem a marca da instantaneidade e que começou lá na rádio Cacique, em Soledade, no dia 1º de janeiro de 1969, como locutor e com um salário de 117 cruzeiros e 60 centavos, foi meteórica por merecimento. Subistes degrau por degrau em busca de teu sonho. Chegastes à capital como locutor na rádio Difusora, hoje rádio Bandeirantes, chegando ao posto de gerente de programação. E com a marca que caracteriza os fortes, aceitastes um desafio: substituir destacado comunicador que pedira demissão da emissora. Em 1983, a Rede Brasil Sul convidou Sérgio Zambiasi para assumir o “Comando Maior”. Como condição principal do contrato, liberdade total de expressão. O resultado todos nós conhecemos: um programa líder de audiência em seu horário há sete anos.

Com a garra dos que não temem os desafios e com a obstinação dos fortes em superar obstáculos, inicias todas as manhãs, às sete horas, e prossegues até as treze horas, no contato direto com teus ouvintes e teu povo. Diariamente convives com a dor e o sofrimento, distribuindo conforto que só os homens como tu, estruturados no amor e na solidariedade, com respeito aos semelhantes, podem dar. E é falando com o coração, com a mesma fala que usas neste teu relacionamento com tua gente, que também é nossa, que te dizemos: Porto Alegre te reverencia e agradece porque a fizestes mais bonita e ainda melhor.

E eu diria, se fosse possível, ao invés de Cidadão de Porto Alegre, Cidadão do Rio Grande do Sul e, quem sabe, além fronteiras, porque tantas e quantas pessoas vêm do interior do Estado em busca do auxílio, da mão amiga de Sérgio Zambiasi, dos Estados de Santa Catarina, Paraná, e, hoje mesmo, mais uma vez uma paulista, na rádio Farroupilha, solicitava o auxílio de Sérgio Zambiasi. Por isso, a ti, caro amigo Sérgio Zambiasi, em nome desta Cidade que represento como Vereador, te digo muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Deputado Estadual Edemar Vargas, da Bancada do PTB.

Passamos a direção dos trabalhos ao Ver. Airto Ferronato.

 

(O Sr. Airto Ferronato assume a Presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Com a palavra o Ver. João Dib, pela Bancada do PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Senhores e senhoras, meu caro Cidadão de Porto Alegre, Sérgio Pedro Zambiasi, o mais novo Cidadão de Porto Alegre. Posso até continuar o discurso do Edi Morelli, quando ele falava em fronteiras, e eu não combinei nada com ele, mas, num determinado dia, perguntaram a Sócrates qual era a sua terra, e ele respondeu: "Não sou da Grécia, não sou de Atenas, mas sou do mundo". E o novo Cidadão de Porto Alegre Sérgio Pedro Zambiasi poderá, parafraseando Sócrates, dizer: "Não sou só de Encantado, não sou só do Rio Grande do Sul, mas sou de Porto Alegre".

E Porto Alegre é um mundo de um povo bom, de um povo generoso e, pela síntese democrática de todos os seus cidadãos, que são os Vereadores que o representam neste Plenário, outorgaram a Sérgio Pedro Zambiasi o título de Cidadão de Porto Alegre. E este é um mundo de um povo bom e generoso no qual se pode depositar esperanças, no qual se pode acreditar, porque temos acompanhado, passo a passo, a história desta Cidade e temos razões extremamente confortantes para dizer que se pode esperar do povo de Porto Alegre. Em 1983, 1984 e 1985, a Prefeitura Municipal editou o livro onde as crianças das escolas do Município, nas vilas de nossa Cidade, mostravam que eram capazes, escrevendo poesias, contos e crônicas. Lastimavelmente, pararam de fazer, mas estas crianças mostravam que este povo é bom, generoso e se pode nele depositar esperanças, esperança que será transformada em certeza.

Meu caro cidadão Sérgio Pedro Zambiasi, Porto Alegre neste momento te saúda, mas também te diz, pelos seus representantes aqui, pelo seu Prefeito, que passas a ter muito mais responsabilidade com ela. Esta Cidade generosa e de povo bom acredita que possas realizar muito por ela, e nós acreditamos, e temos certeza disso, que darás o melhor dos teus esforços para que isto se torne realidade, para que Porto Alegre seja mais alegre e para que os porto-alegrenses vivam mais felizes. E se os porto-alegrenses viverem mais felizes, porque Porto Alegre é um mundo, nós faremos também que os outros gaúchos vivam bem e o próprio Brasil e o mundo que o Morelli desenhou. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Clóvis Brum, fala em nome da Bancada do PMDB.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Senhores e senhoras, na verdade, diria que mesmo numa tarde de junho nota-se que a Casa recebe um calor humano extraordinário. Na verdade, isso engalana esta Sessão Solene. Gostaríamos de ter a possibilidade de transmitir na palavra aquilo que Sérgio Zambiasi representa para milhares de seus ouvintes, gostaria de poder transmitir aos senhores o magnetismo, a perfeição e a humana maneira de se comunicar que Sérgio Zambiasi, por certo, traz de berço. Corremos o risco de dizer que a política, no Rio Grande do Sul, Zambiasi, Cidadão de Porto Alegre, passou a ter duas épocas: a época antes de Zambiasi e a época durante Zambiasi. (Palmas.)

Esse homem extraordinário, homem público e comunicador - diria feliz comunicador -, é de tal maneira inarrável a ligação de Zambiasi na busca permanente de amenizar o sofrimento de seu próximo, é tal a dimensão dessa força interior que ele detém que milhares e milhares de pessoas ao ouvi-lo se transformam: pessoas infelizes passam a ser felizes, pessoas desesperançosas passam a ter esperanças, a reunir esperanças, não é uma coisa normal. É o político? Não. Digo: é o extraordinário homem humano que Zambiasi representa. É a dimensão exata do ser humano traduzido numa palavra amiga e de esperança. Andou bem o Ver. Edi Morelli propondo que a cidade de Porto Alegre, que o seu Parlamento Municipal, transmitisse e prestasse esta homenagem ao Deputado, ao homem, ao comunicador Sérgio Zambiasi, concedendo-lhe o título hierarquicamente de maior representatividade em Porto Alegre, que é o título de "Cidadão de Porto Alegre".

Trago, Deputado Zambiasi, a saudação agradecida do PMDB, Partido ao qual V. Exª honrou de maneira extraordinária, trago a gratidão de partes da Cidade, trago a palavra do companheiro Ver. Ferronato e dos demais companheiros do PMDB e, nesta condição, procuro traduzir também a palavra da Executiva Regional do PMDB, a qual integro no Rio Grande do Sul, dizendo que estamos felizes com esta homenagem e que a Cidade resgata a Sérgio Zambiasi uma homenagem que já se fazia sentir pelo que ele representa para as populações, não só de Porto Alegre, mas do Rio Grande do Sul.

Cidadão de Porto Alegre Sérgio Zambiasi, talvez esta seja o início de uma série de homenagens que o Rio Grande do Sul vai prestar-lhe.

Foi uma alegria muito grande e uma honra poder, neste momento, representar o PMDB e transmitir a homenagem do meu Partido a V. Exª, Deputado e Cidadão de Porto Alegre Sérgio Zambiasi. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Luiz Braz, falará em nome da Bancada do PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Senhoras e senhores, meus amigos Gesner e Luiz Vasconcellos que vem aqui representar os meus amigos petebistas mais ferrenhos e fãs de Sérgio Zambiasi e um dos melhores quadros que temos dentro do Partido Trabalhista Brasileiro, é realmente com muita satisfação, Sérgio, que nós aqui na Câmara Municipal votamos a proposição do nosso companheiro, Ver. Edi Morelli, no sentido de oferecer a um homem tão destacado como você é este título máximo que esta Casa pode oferecer, o de Cidadão de Porto Alegre. Você triunfou onde muitos fracassaram, porque é muito difícil a trajetória para se chegar até a glória, é muito difícil essa trajetória e é mais difícil ainda a manutenção dessa posição. É preciso realmente estar preparado para isto, é preciso ter muito equilíbrio para se chegar a esta posição, é preciso ter uma sedimentação, uma base, um passado, e você conseguiu tudo isso. Muitas pessoas, não são poucas, que fizeram esta trajetória e chegaram ao pináculo da glória dentro dos seus setores, não tiveram esta preparação para ocupar exatamente a posição que você ocupa.

Eu lembro muito bem quando você vinha aqui para a cidade de Porto Alegre fazer rádio, eu, naquela época, também apresentava programa de rádio e pensei, porque é muito do radialista pensar quando está ouvindo um companheiro, é um bom radialista, é um bom comunicador, mas como muitos outros deve ser um daqueles que vai chegar, vai fazer um determinado sucesso e, como as ondas do mar, retornar para o leito. E todos nós pensamos, nós que éramos radialistas naquela época, exatamente isso: aquela figura que já se impunha como bom repórter policial, como bom apresentador, mas que ainda não era o grande nome do radialista e Deputado Sérgio Zambiasi. É muito comum dentro da nossa profissão, e é por isso que somos levamos e pensar desse modo, encontrarmos companheiros que não estão, absolutamente, preparados para fazer com que esse amor das pessoas por aquele comunicador, por aquele ídolo lá do microfone, não desvirtue completamente seu comportamento dentro da sociedade.

Nós não sabíamos que lá atrás daquele microfone estava um homem diferente e bem diferente da maioria daqueles profissionais que conhecemos. Lá estava um homem capaz de fazer um grande trabalho de comunicação, capaz de oferecer um projeto de comunicação novo, alguma coisa bastante nova, alguma coisa bastante dinâmica, capaz de chamar a atenção de todo o público ouvinte e de uma camada bastante difícil de ser atendida, porque a disputa entre as rádios que fazem programação cultural é uma disputa muito grande. E o Zambiasi começava essa disputa e mostrava que era capaz realmente de disputar de igual para igual e, depois, mais tarde, mostrou que era capaz de não só disputar de igual para igual, mas mostrou para todo mundo que iria tornar a disputa muito desigual. Porque de repente ele mostrou que realmente era capaz de ser o melhor dos comunicadores. Mas, mesmo chegando lá e mesmo demonstrando toda essa capacidade e essa competência, não faltou humildade para o Sérgio, e isto, realmente, quem conhece o Sérgio, quem é amigo do Sérgio, quem convive com ele, quem tem contato com ele, sabe muito bem que o homem que chega na posição que ele chegou, normalmente, é um homem que de repente se despojou da sua humildade ou que, se tem humildade, não é alguma coisa sincera. Ele não. Ele é diferente. Ele é tão sincero, é tão humilde dentro daquilo que ele faz, da proposta de vida que ele tem, e esta humildade é que lhe dá realmente o sucesso, que ele se dispôs, ao contrário de muitos profissionais que eu conheci dentro desse campo, mesmo depois de tendo sucesso absoluto, ele se dispôs a continuar levantando bem cedo para ir à sua emissora, para produzir o seu programa e para lotar o seu estúdio de pessoas. E não são pessoas perfumadas, são pessoas que vão lá cheias de problemas, e essas pessoas todas elas merecem a maior atenção do radialista Sérgio Zambiasi.

E por isso o povo consagrou, e por isso o povo não apenas o retirou, o Sérgio, do rádio, porque não podia retirá-lo de lá, mas deram para ele mais uma tribuna, porque, afinal de contas, era mais esta tribuna que ele precisava para continuar lutando pelo povo do Rio Grande do Sul. E deram para ele a tribuna da Assembléia Legislativa. E as pessoas pensaram mais uma vez, assim como eu pensei naquela primeira vez, só que desta vez eu já conhecia o Sérgio, as pessoas pensaram: “Este é mais um daqueles radialistas que vai receber uma grande votação e que vai se desgastar com os seus quatro anos de mandato e já nas próximas eleições não será mais o mesmo”. Foi muito comum a gente ouvir opiniões: “O Sérgio não vai repetir mais a votação que fez da outra vez”. E aí veio a segunda eleição na vida de Sérgio Zambiasi, e aí ele conseguiu demonstrar que não apenas iria repetir aquela sua votação da primeira eleição, como iria demonstrar para todos que seu prestígio realmente tinha aumentado muito mais. Ele tinha demonstrado para todos que ele não era apenas um radialista, que era um homem capaz de fazer planos, um homem capaz de caminhar por suas próprias pernas. E dentro da Assembléia Legislativa se transformou em um dos grandes líderes.

Essa a primeira missão do Sérgio na terra, que foi a rádio. A segunda grande missão foi a Assembléia Legislativa, e acredito que está chegando a hora agora da máxima missão do homem Sérgio Zambiasi, que, tenho absoluta certeza, está se desenhando na frente de todos, que é exatamente Sérgio Zambiasi chegando ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul. (Palmas.) Não é o Deputado Sérgio Zambiasi que quer ser o Governador, é o Rio Grande do Sul que precisa dele lá. Ele demonstrou que consegue ser um homem vitorioso e pode continuar fazendo contato com as pessoas e continuar trabalhando todos os dias.

Para finalizar, quero dizer que esta Casa se sente feliz em poder receber V. Exª e a homenagem máxima, proposta pelo Ver. Edi Morelli, que oferece para você é motivo de orgulho para todos nós, pois sabemos que estamos homenageando alguém que vai representar muito bem o título máximo oferecido pela Câmara de Vereadores. Parabéns, Sérgio Zambiasi. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Artur Zanella, fala em nome da Bancada do PFL.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Em nome da minha Bancada, em nome da Verª Bernadete Vidal, nossa Suplente, eu venho trazer aqui, Sérgio, uma breve mensagem, porque os oradores que me antecederam já pintaram essa aquarela do que é a vida do Sérgio Zambiasi, por que ele está recebendo este título aqui. Que eu me lembre, desde que sou Vereador nesta Casa, é o único Deputado Estadual que tem o título de Cidadão de Porto Alegre.

As razões que levam a esta cerimônia são conhecidas de todos, eu queria trazer, nesta breve oração, a mensagem do meu Partido e do meu Ministro Carlos Chiarelli, que me pediu que estendesse a ti este cumprimento, e queria dizer, ainda, como uma reflexão num final de tarde, que hoje pela manhã nós começamos tratando de turismo; às quatorze horas, Distrito Industrial da Restinga; depois, reunião das Comissões Permanentes, com problemas; a reunião da instalação da complementação da Comissão que trata do Regimento Interno desta Casa; aí, comparece um grande número de taxistas, quando se imaginava que eles vinham para a cerimônia, eles vinham reclamar de uma lei e na saída um deles ainda me disse: “Ver. Zanella, me dá um abraço no Zambiasi em meu nome, eu vou correndo porque o pique da tarde está começando”. Isso aqui é uma Casa que trata de tudo, e, principalmente, uma Casa que trata de problemas. É muito difícil que os assuntos aqui tratados não sejam problemas, porque nós estamos numa sociedade problematizada.

Então, é uma grande satisfação, da nossa parte, num final de tarde, nós não tratarmos de um problema, mas, sim, da vida de um solucionador de problemas, é isso que eu vejo no Zambiasi. Não sei se ele se lembra muito, mas quando eu, Diretor do DEMHAB, duas, três, quatro, cinco vezes lá na antiga Difusora, vinha aquela reclamação, aquele pedido; depois, eu já fora do DEMHAB, já o Zambiasi na Farroupilha, mas acompanhava toda aquela sua movimentação. Eu fico pensando, filosofando a esta hora sobre os desígnios do destino. Grande parte das pessoas que analisa o crescimento das cidades, os problemas das cidades, falam que um dos maiores problemas é a vinda para as capitais de pessoas do interior e que uma das soluções que nós temos é estancar isso que muito erroneamente chamam até de êxodo rural, como se todos fossem agricultores. Eu estava filosofando se isto fosse verdade, se isto trouxesse solução para alguma coisa, como ficaria esta Cidade e este Estado com o Zambiasi lá na sua Cidade, depois, como locutor da rádio Cacique? E se ele não tivesse vindo para Porto Alegre? E se o Ranzolin tivesse ficado no interior? E se o Deputado Rielo estivesse em Uruguaiana ainda, como seria esta Cidade e como seria este Estado?

Acho, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Homenageado, que nós temos que acreditar na força da pessoa humana, é preciso que ela tenha, como Zambiasi teve, a força do trabalho e a oportunidade para exercitar esse trabalho, oportunidade que ele cavou com a sua inteligência e com as suas mãos, e é isto que eu quero neste momento, ao encerrar, dizer que Porto Alegre é grande porque grande são os seus filhos, sejam eles nascidos aqui, sejam eles cidadãos de Porto Alegre, como vai ser hoje o Sérgio Zambiasi, sejam eles ainda não cidadãos desta Cidade, mas como Cezar Schirmer, que veio lá de Santa Maria, como o Prefeito, veio lá de São Luiz Gonzaga ou de Bossoroca, como queiram. É isto que dá força a esta Cidade, esta simbiose daquele que aqui nasceu com aquele que nos trouxe a energia que explode no nosso interior e aqueles que aqui vêm em busca de um sonho - na maior parte das vezes não alcançam - e que têm, hoje, na minha opinião, a expressão maior, o seu símbolo naquele que lutou com garra, naquele que não recebeu nada de favor, naquele que não tem padrinho e naquele que recebe hoje, para orgulho desta Casa, o título de Cidadão Emérito.

Muito obrigado, Zambiasi, pelo trabalho que tu fazes por nossa Capital.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Omar Ferri, fala pelo PSB.

 

O SR. OMAR FERRI: Prezado Deputado Sérgio Zambiasi, Srs. Deputados presentes, Srs. Vereadores presentes, senhoras, senhores, não vou falar em nome do meu Partido, não quero absolutamente representar o meu Partido nesta solenidade, só quero ter a honra de falar como cidadão, como Encantadense e como vizinho da localidade onde nasceu Sérgio Zambiasi. Quero falar da localidade, quero dar a visão de Encantadense que teve a mesma origem, que viveu na mesma região, nos mesmos locais, à beira dos mesmos rios e tendo a vivência de uma comunidade que hoje é muito diferente, não é mais aquela, até diria, mais do meu tempo e mais do tempo do pai do Zambiasi do que do tempo dele.

Quantas centenas de vezes eu passei lá pelos Buffon. Eu acho que o Zambiasi se lembra bem da conformação morfológica e geográfica da região onde ele nasceu, lembra-se da região, das pessoas, da vivência, daquele sentimento que depois de tantos e tantos anos que se afastou daquela terra, que se abandonou aquelas terras, que se procurou novas terras, a vontade que nós teríamos de retornar à nossa infância, exatamente naqueles locais dentro de um mesmo contexto. Naquela época, não existiam praticamente pontes e o Sérgio Zambiasi morava na beira do Rio Jacaré. Diz aqui o currículo apresentado pelo Ver. Edi Morelli, natural de Encantado, não é verdade! Natural de Santa Terezinha, da região dos Buffon, da Picada Tropa, quer dizer em italiano “vime”. A vivência do Zambiasi foi a mesma minha vivência, ou dos meus parentes, ainda próximos de onde nasceu Zambiasi existem primos meus que são agricultores como foi o pai dele. O Getúlio Pretto, por exemplo, que mora do outro lado do Rio Jacaré, entre Santa Terezinha e o Jacarezinho.

Eu lembro, eu comecei a minha vida política em frente àquele moinho do Guerino Zangalle, no tempo do Lafrate, do Borsato. E no tempo em que um cidadão chamado Virgílio Zambiasi era companheiro do PTB, então tão agricultor como tantos que davam uma conformação toda diferente àquela região em que vivia Zambiasi. Possivelmente, o meu avô, o meu tio e tantos outros, quantas vezes se reuniram para falar da variação do preço do quilo do porco, do baixo preço do quilo do porco. Aquela região toda é uma região que tem a sua base econômica, ou pelo menos tinha na época, a base econômica da região era suinocultura.

Eu imagino o Zambiasi comendo polenta assada na chapa com queijo, polenta feita pela sua mãe. A festa que o Zambiasi fazia, porque eu e milhares de coloninhos fazíamos, quando matavam porcos. Usávamos a bexiga para fazer bola de futebol. Zambiasi, voltemos um pouquinho para lá. Que impressionante o cheiro da bosta de vaca misturado com o perfume da flor de laranjeira. Pois o meu avô tinha uma estrebaria a vinte ou trinta metros da casa, uma estrebaria rodeada de pés de laranjeira que em todas as primaveras floriam. Eu estou usando estes dados todos porque estou falando da vida de um homem que me parece, hoje, é uma vida cheia de luta, mas, principalmente, cheia de poesia. Por que poesia? Poesia por causa do carisma, poesia por causa do magnetismo pessoal, poesia por causa da aura, da aura que existe em torno da figura humana de Sérgio Zambiasi. Admirado por mim, Sérgio, teu conterrâneo de Encantado, que teve exatamente a mesma origem. O prazer de subir numa carreta de bois para buscar milho, mandioca, cana de açúcar, abóbora na roça e depois repartir para fazer um sopão para dar para os porcos, dar cana para as vacas, tirar leite, fazer queijo, fazer salame. Esta foi a nossa vida. A vida que ainda continua lá. Veja com o seu vizinho Buffon, Giacomolli, Cessim, Zangalle, a família Fraporti, a família de Lázari, a família Agostini, a família Pederiva, Pretto, De Conto e, principalmente, a família daquele pedestal do PSB que era o Buffon, que foi o teu padrinho de batismo na igreja construída principalmente pelo árduo trabalho do teu pai e dos teus irmãos.

Por isso, Zambiasi, tu hoje és, na minha opinião, o mais importante filho de Encantado de todas as épocas. E eu te admiro, porque não tenho condições de não te admirar. Eu tenho a admirar a realidade que existe, pois te projetaste com dignidade, lutando. Como se pode medir? Pode-se medir naquela noite em que vários ex-companheiros de um malfadado Partido assinaram ficha no PTB, e que depois, conversando, uma amiga minha te abraçou e disse que te admirava tanto, tu sorristes, olhastes para mim e dissestes: "Ferri, eu sou um mal necessário, isso eu sou." Mas vejam a grandeza desta expressão, a maturidade de um homem que consegue se medir, que vivencia o problema social, que se insere no contexto, na problemática, e sabe o que é! Sérgio Zambiasi, poucos homens sabem o que são. Tu sabes o que és! O povo sabe quem tu és! E isto é mais importante do que tudo, principalmente porque, além de tudo, és meu conterrâneo de Encantado. E eu vou abraçar-te agora, com muita satisfação! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Nereu D'Ávila, falará pela sua Bancada, o PDT.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Senhores e senhoras, perdoem por mais alguns instantes a delonga para ouvir Sérgio Zambiasi, mas nós estamos construindo um País democrático em que nós temos que ter um pouco de tolerância e ouvir aqueles que traduzem esta homenagem e, pela grandeza da homenagem, todas as Bancadas nesta Casa, praticamente, quiseram oferecer, e não podia ser o PDT, que tem na vertente comum de Getúlio Vargas e no brizolismo um grau terciário de parentesco, que deixaria de também se manifestar. Então, eu pediria um pouquinho só a mais da paciência de vocês para também colocar no pedestal desta homenagem a palavra da maior Bancada desta Casa, o Partido Democrático Trabalhista.

Não teria mais nada a acrescentar aos atributos pessoais de Zambiasi, eis que esgotados todos os adjetivos. Então, eu só queria inserir o perfil do homem no seu contexto e tentar analisar sociologicamente a inclusão do fenômeno político Sérgio Zambiasi nesse contexto. E, meses atrás, num diálogo a respeito da pessoa de Sérgio Zambiasi, em função até da sucessão municipal, nós analisávamos o porquê de termos hoje tão grande eleitor na cidade de Porto Alegre, cujo enigma, se será ou não candidato, traduz as preocupações e todo um processo de sucessão municipal. Aí está a magnitude desse fenômeno. E mais, o fenômeno de Sérgio Zambiasi começa exatamente onde termina o asfalto, onde termina a rua calçada, porque a partir daí são os desdentados, os descalços, os descamisados, é exatamente aquele vulcão de povo que, através de seus representados, trezentos mil votos em duas eleições sucessivas, dá a dimensão da grandeza desse fenômeno eleitoral.

Agora, o seu perfil pessoal, no meu entendimento, enquadra-se apenas num termo, o termo simplicidade, por causa da identidade com essas massas ululantes, ele tem o magnetismo de atender as suas angústias e as suas reivindicações, exatamente chegar a eles do tamanho como eles são e aí somente a simplicidade seria a compreensão exata deste fenômeno. Daí advém que por onde passou o Zambiasi antes de Porto Alegre, antes de ver esta Casa hoje perfilada por todas as suas Bancadas representadas, o povo a saudá-lo efusiva e carinhosamente, não é só aqui na Capital, hoje, com a sociedade porto-alegrense aqui representada, que se homenageia o Zambiasi, lá na nossa terra, lá na minha terra, por onde também passaste e alguém aqui se referiu, "Lá na nossa Soledade", também, tu mesmo sabes o carinho que deixastes lá em breves anos que lá conviveste.

Por isto, até eu ousaria dizer que nós todos, hoje, representamos um pouco, porque também aqui somos um pouco um pedaço do Rio Grande. Por isso, Zambiasi, eu creio que esta Casa, hoje, traduz a vontade do mais humilde ao mais graduado e não é em vão que hoje, aqui, se reúnem políticos de opostas concepções ideológicas para te homenagear num traço comum de carinho, num traço comum de que as divergências ficaram lá fora para aqui nos concentrarmos apenas na figura do homem e do político consagrado.

Por isso, não poderia ser o PDT, tu que és brizolista assumido, que deixaria de, apesar de ser o último, depois de seis oradores, não poderia omitir-se em também, junto com os outros, homenagear-te. E através da nossa palavra, da nossa representatividade, aqui fica a nossa homenagem dizendo que a humildade e a simplicidade engrandecem a personalidade de qualquer um. E talvez este teu perfil que tem exatamente essas duas qualidades que se sobressaem em relação às demais, está aí a tradução desse fenômeno que, certamente, será e poderá ser até tese de mestrado. Por isso concluo, Zambiasi, dizendo que nós da classe política te respeitamos, mas não somente pelos votos que representas, mas pela dignidade com que exerces o teu mandato e a tua profissão de radialista. Achamos que a tua trajetória está, neste momento, impulsionada por estes fatores que são agregatórios, que consomem todas as vontades daqueles que te consagram. Aqui fica a nossa palavra de que a simplicidade traduz o teu perfil. E, como diz a Bíblia: "Bem-aventurados os simples, porque deles será o reino dos céus". Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Sr. Prefeito Municipal para que proceda à entrega do Diploma ao nosso homenageado.

 

(O Sr. Prefeito Municipal procede à entrega do Diploma referente ao Título de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Sérgio Pedro Zambiasi.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. Edi Morelli para proceder à entrega da Medalha.

 

O SR. EDI MORELLI: Senhores, permitam solicitar à esposa do Sr. Sérgio Zambiasi, Srª Maríndia, que faça a entrega da condecoração ao Deputado Sérgio Zambiasi.

 

(A Srª Maríndia Soares procede à entrega do Diploma referente ao Título de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Sérgio Pedro Zambiasi.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Deputado Sérgio Zambiasi, Cidadão de Porto Alegre.

 

O SR. SÉRGIO ZAMBIASI: Quando cheguei em Porto Alegre, em 1973, não poderia jamais imaginar que esta Cidade, que me inspirava medo e tanta esperança, um dia me conferisse o Título de Cidadão de Porto Alegre. Agradeço ao Ver. Edi Morelli pela iniciativa desta distinção, bem como aos Vereadores desta Casa que a aprovaram, o que muito me enaltece. Recebo-a com muita emoção e profundo reconhecimento a todos quantos, familiares e amigos, permitiram que vivesse este momento tão importante de minha vida. À minha mulher Maríndia, que representa para mim o apoio e o afeto indispensáveis à vida e ao trabalho, minha gratidão e profunda afeição.

Nesta hora, não poderia esquecer minha origem humilde e aqueles que me ajudaram a palmilhar esse longo caminho que me trouxe até aqui. Em primeiro lugar, meus pais, Fiori e Antônia, e meus irmãos, Alciro, Egildo, Maria, Iracildo, Inadir, Irno e Janice. Nascido em Santa Terezinha, um vilarejo no interior do Município de Encantado, cedo tivemos que migrar por vários Municípios, por não ter, já nessa época, acesso a terra. Somos o protótipo de uma família migrante que andou de Município em Município, numa verdadeira via-sacra de privação e sofrimento, sempre à procura de trabalho, casa, educação e saúde. Valeu o esforço dos pais, porque, se não tivemos uma herança de riqueza material, possuímos a alegria de poder viver com muita honradez, firmeza de caráter e, principalmente, muito amor ao trabalho. Foi o amor ao trabalho e o apego às minhas origens, sem renegá-las jamais, que me trouxeram até aqui. A saudade dos que já partiram, os pais e os manos Egildo e Iracildo e a amizade dos demais, caminhoneiros e trabalhadores urbanos, estão presentes neste ato solene. Eles são parte de minha vida.

Não poderia deixar de citar nesta solenidade algumas pessoas que exerceram uma influência decisiva em minha carreira. O saudoso Érico Sauer, que, em 1973, por telefone, me convenceu a enfrentar a Capital e disputar uma vaga então existente para radialista na Difusora; os amigos Ismael Fabião e Carlos Bastos, que me aprovaram para esta vaga e me incentivaram na profissão; o saudoso Maurício Sirotsky Sobrinho, que abriu as portas da RBS para que eu pudesse realizar o sonho da rádio solidária e comunitária.

Gostaria de lembrar, neste dia, aquelas entidades e empresas que me ofereceram trabalho e me incentivaram: os freis capuchinhos e a rádio Cristal, de Soledade, aos quais devo parte de minha formação e iniciação profissional, as rádios Alto Taquari, de Estrela, Difusora, Itaí e Cultura, de Porto Alegre, e, desde junho de 1983, a rádio Farroupilha, empresas que sempre apoiaram e valorizaram meu trabalho. Elas são merecedoras de minha gratidão e de meu respeito.

Por isso tudo, não atribuo apenas a meus méritos pessoais a conquista deste título que hoje esta Casa do Povo me concede. Devo-o, em primeiro lugar, ao privilégio de como radialista ter encontrado um mercado de trabalho favorável e um povo amigo. Deus me deu o dom da comunicação, que permite o contato diário com milhares de pessoas. Com empenho, dedicação e muito trabalho fui construindo, ao longo desses anos todos, minha identidade de comunicador e de político a serviço do povo mais humilde de nossa sociedade.

Nada disso, entretanto, teria conseguido se não tivesse contado com a solidariedade humana dos familiares, amigos e colegas de trabalho. Não somos os únicos sujeitos de nossas vidas, somos também o resultado de um esforço coletivo solidário e de um conjunto de circunstâncias. A essa solidariedade e a essas circunstâncias favoráveis devo, em segundo lugar, o mérito desta homenagem que recebo, com orgulho, das mãos dos representantes da nossa querida Porto Alegre.

Entretanto, neste momento, não posso esquecer os outros migrantes que, como eu, vieram para a Capital à procura de uma vida melhor, expulsos do campo ou atraídos pela cidade. São milhares de pessoas. Expulsos pela estagnação econômica de algumas regiões agrícolas ou pela modernização tecnológica de outras, eles buscaram, na cidade, como eu, o emprego e a ocupação necessários para o próprio sustento. A maioria deles, porém, não encontrou na cidade o que. procuravam: trabalho. E tampouco conseguiram para si e para os seus aquele mínimo que já tinham em sua terra: uma casa para morar.

Nessas condições, as vilas urbanas de pobreza, as favelas, tornaram-se a única alternativa, uma espécie de depósito humano sem as mínimas condições de habitabilidade. Nesse universo de miséria, de sofrimento e de privação vivem hoje, aproximadamente, 20% de nossa população urbana. Eles lutaram, alguns conseguiram trabalho, construíram nossas casas, prédios, praças, avenidas e parques, mas não obtiveram nada para si.

Esse título que hoje recebo, divido-o com essas pessoas. Não são cidadãos porto-alegrenses porque não nasceram aqui. Mas o mais grave é que nem sequer de cidadãos brasileiros podem ser chamados, pois estão privados das condições humanas básicas a que teriam direito como cidadãos, tais como emprego, moradia, educação e assistência à saúde. Quando o homem se vê reduzido à mera condição de sobrevivência, já não alimenta mais o sonho da casa própria, pede apenas uma barraca para morar, não luta mais por um emprego, apenas um biscate para sobreviver ou um remédio para aliviar a dor. Nessas circunstâncias, os direitos humanos viram pó.

Minha vida de comunicador e de político está marcada por uma profunda identificação com essa gente e com todos aqueles que lhes são solidários. Meu trabalho diário na rádio e na Assembléia Legislativa do Estado tem sido o de socorrer essas pessoas com a ajuda desta maravilhosa corrente de solidariedade humana que existe em nosso povo. Minha luta é a de fazer as pessoas darem-se as mãos e dizer a elas que apesar de tudo não devem desesperar. Renunciar à esperança é fracassar. Sonhar, acreditar e lutar pelas mudanças em nossa sociedade é minha motivação maior.

Por desconhecerem totalmente nossa realidade social e esse meu envolvimento com os pobres é que muitos se surpreenderam quando, em 1986, obtive oitenta e oito mil, seiscentos e sessenta e três votos para Deputado Estadual em Porto Alegre. Esse desconhecimento das condições de vida de nosso povo e de minha proposta de trabalho levou muitos a atribuir ao Plano Cruzado ou ao efeito surpresa o resultado dessa votação. Eleito Deputado, não renunciei ao compromisso de vida que assumi com a população mais pobre, totalmente desassistida, que vive na mais absoluta miséria, amontoada nas favelas, ao longo das vielas e valões, passando fome, desnutrida e doente.

Em 1990, quando todos os analistas políticos da corte previam uma considerável redução em minha votação, recebi oitenta e seis mil, quinhentos e quarenta votos em Porte Alegre. O povo conhece aqueles que são solidários com ele, não com discursos, mas com gestos concretos. Este povo é tão gente quanto nós. Conviver com ele todos os dias, abraçando-o, ajudando-o, chorando junto, motivando e atendendo a todos os seus apelos, sem distinção de idade, cor, raça ou religião e sem nunca desanimar tem sido meu trabalho ao longo de mais de uma década. Trabalho esse que muitos, em nome de ideologias e até da religião, criticam e condenam. A todos, entretanto, posso garantir que é bom e agradável servir aos nossos irmãos mais necessitados e sentir seu afeto e sua gratidão.

Aqueles que não conhecem essa realidade ou fogem dela, não podem imaginar a profundidade dos laços de solidariedade e de fidelidade que se estabelecem entre essa gente humilde e seus verdadeiros amigos. Nosso povo está cansado de discursos e de promessas demagógicas. Ele quer decisões e atitudes que modifiquem e alterem suas sofridas existências.

Essas circunstâncias todas, somadas ao título que hoje recebo, fazem com que eu me sinta cada vez mais compromissado com o povo desta Cidade. Que Deus me inspire e me conduza para que possa honrar este título de Cidadão de Porto Alegre que, com muito orgulho, hoje estou recebendo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 19h11min.)

 

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